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quarta-feira, 23 de março de 2011

status?

Vivemos à procura de coisas que podem não valer tanto apena. Vou ser rude usando certo termo de baixo calão, vivemos procurando “porra” de status social. Vivemos procurando ternos bem cortados, casas luxuosas, posição financeira e profissional adequada. Mas lhes pergunto; Vocês estão realmente felizes com a vida que levam? Quantos de nós somos tecidos para sermos a maquina perfeita, o monstro das relações. Quantos de nós não vivemos correndo atrás de uma porcaria de status que tomam tempo de nossas vidas? Não faz sentido, vivermos as margens da felicidade e dificilmente fazemos o que queremos, somos limitados, condicionados a viver em gaiolas sociais. E simplesmente meus caros, morremos sem saber qual o sabor dessa vida. Status não vão caber dentro de um caixão, mas se essa vida tem uma coisa que faz sentido é correr atrás do que realmente queremos, de coisas que realmente vão nos fazer feliz. Deixemos essa capa de meninos boçais, de meninas bonequinhas. Quantas vezes olhamos para o lado e medimos nosso semelhante por uma joia, um roupa, um carro ou um cargo? Talvez alguém diga—eu não! Mas a realidade é que somos perfeitos bonecos burgueses, fabricados para a soma, e para chegar ao alto. Não desprezo a necessidade de educação adequada, de formação, não sou contra isso, de forma alguma, acho necessário, mas que não seja por status, que não seja por grupinhos de engomadinhos metido a bestas. Que seja por uma intensão e não por pretensão, que seja por desejo e não por que somos compelidos. Para encurtar esse texto mal criado, digo- vos que vivam intensamente, sem exageros, com respeito e com sorriso estampado na face e na alma.

domingo, 20 de março de 2011

Hoje acordei pior, pois não acordei, ainda durmo nas minhas cascas. Fico doente de pensar em meu amanhã, e cego quando olho para as paredes que estão pintadas de forma bicolor. O preto e o branco meio acinzentado dá ênfase a minha gaiatice, meu desequilíbrio, minha falta de desejos. Um toque de silencio e uma solidão perturbadora, uma escolha que faço sem interesses, sem medo de errar e já errando por não ter medo. Acordei e não dormi por falta de sono, fiz brotar sonhos na falta de consistência dos labirintos que fiz para me perder. Deve ter um caminho menos quadrado, mais perfeitinho, com as paredes cheias de manchas e setas acenando a porta do fim, a saída, o túnel para voltar a viver. Não quis dormir por temer, que ao amanhecer eu não abrisse os olhos, fiquei parado olhando meus olhos fechando, e fui mergulhando num tédio sinistro. Acordei, e já estava acordado, mas mesmo calado eu queria viver sem essas dores , com uma insônia menos densa, menos tensa, e um pouco mais de barulho, quiçá um travesseiro e uma ressaca , pra olhar as marcas e a cor do perder por ter tido. Mas isso é o preço do carinho que dividimos com nós mesmos, os espelhos, o ar de ser por ser de si mesmo.

...

Muito se fala no estado cruel e maléfico da Alemanha nazista, Hitler e suas excentricidades, seu ódio declarado aos judeus. Sua politica de segregação e extermínio. E suas teses malucas de superioridade. Enfim, um absurdo de uma mente fraca e deturpada. Mas pouco se fala na reação pós-guerra dos estados unidos, por quê? Hoje praticamente esquecemos das bombas que foram jogadas de forma covarde nos civis japoneses, pouco se fala na politica imperialista norte americana. Pouco se fala que os estados unidos financiaram guerras, ditaduras. E hoje vemos os americanos com pinta de bons moços, mas não esqueçam, eles mais que heróis piegas são oportunistas. Nada tenho contra o povo norte americano, nada tenho contra nenhuma nação do mundo. Mas não sou cego, e nem me deixo cegar por “boas intenções” de governos que preferem a guerra ao dialogo. Sabemos que numa guerra não existem vencedores, todos perdem, e ninguém resolve nada matando seu próximo. Sou contra todo e qualquer tipo de força desnecessária, e às vezes desproporcional como foi o caso do Afeganistão e do Iraque. Os Estados Unidos continuam com a prepotência que sempre marcou seu governo, com o velho discurso “democrático”. Vi uma coisa muito interessante esse domingo, o presidente Barack Obama em discurso citou e lembrou da Cinelândia no Rio de Janeiro, símbolo das mobilizações populares, e lembrou da luta dos jovens contra o regime militar no brasil, regime este que foi apoiado pelos americanos. Lembro também que há dois anos, o próprio presidente ganhou o premio Nobel da paz, e o mesmo presidente é a favor de algumas guerras no oriente médio, instala bases militares pelo mundo, no que ele diz ser necessário. Enfim, tirem suas próprias conclusões.

sábado, 19 de março de 2011

Busquei sempre a gentileza de um sorriso, nunca me vi por de trás de olhos femininos. Sempre achei tudo muito normal, e às vezes fui deveras piegas. Minha vida tem se estendido na palma da mão da ausência de aplausos e talvez seja por isso, que um mal súbito tome conta das minhas noites demasiadamente inertes. Sempre achei tudo grande demais, e já assumi varias capas para atuar em determinados teatros chamados dias. Nem sempre fui essa figura que fala pelos cotovelos, já fui silencioso e observador. Mas tudo mudou, e de repente me vi falando com as paredes, pedindo conselhos. Até que um dia fui tomado pela adolescência, adoeci de verdade, me perdi por entre os dedos dos novos desafios, amor, amar, perder, buscar, tudo novo demais. Em síntese, fui eu, com uma pitada de loucas personalidades, mascaras. E assim tem sido meus dias, um dia o revolucionário cheio de falácias, e outros dias um burguês cheio de não me toques. Vai entender, se o teu passado te reprova, olha pra o futuro, perder tempo vivendo do que já passou é sentença de morte, na certa.

...

Eu tive um medo enorme, quando a porta bateu e o final me surpreendeu de repente. Meu coração se fez ausente e eu fiquei pensando no passado que se foi pela porta. O final é tudo que não queremos, mas não escolhemos, é algo banal. É natural, mas a dor é algo que invade cada pedaço do ser, cada parte das calçadas, das ruas, faz roer e mastigar as unhas, uma por uma, sem dó e sem piedade. Tudo que eu queria era voltar, pedir arrego, pedir para ficar por mais um tempo. Mas as escolhas dependem de oportunidades, e eu tive, não posso reclamar. O tempo vai engolindo tudo, como o leão faminto devora suas presas, destrói as lembranças, ficam algumas lagrimas. Eu acordei num dia, e acordei apavorado, e agora aqui parado olho para o passado como quem tenta enxergar o futuro. Arrependo-me de muita coisa, mas não me lamento, mas por algum momento queria estar lá sentado, recitando ao teu lado o mundo que se formou nesse tempo. Mas entre eu e as dores do que não tive, ficam as marcas que podem fazer de mim um novo ser, sem luxos ou vaidades, apenas loucuras que me fazem debater as pernas quando estou voltado para a simplicidade que me faz viver. Hoje acordei, e não vi o que queria, mas as alegrias ainda estão ao meu lado.



LUCIO WAGNER

sexta-feira, 11 de março de 2011

Uma rosa
Percorrendo o tempo
O silencio de um barco no mar.

O passado
Que mastiga os cacos.
A brisa que vem acordar
Os que dormem
Por seus amores,
Rancores.

Lembranças atrevidas,
Escolhidas, recolhidas.
Sem modos, invade a sala o quarto.
Sufoca os delírios.

Assim é o passado, heranças.
Recordação de quem ficou.
Uma pequena olhada pela janela.
Mil esperas a nos importunar.

O futuro que se fez passado.
O presente que já foi futuro,
O escuro e seus vultos,
Lembranças, só lembranças.

quarta-feira, 9 de março de 2011

AOS HEROIS

Meus heróis eram burros e ignorantes, com exceção da obvia inteligência introspectiva de Bruce, o batmam, os outros eram a mera representação da babaquice norte americana. Sempre torci por Lex Luthor. Quem diabos gostava de Clarck? E aquele jeitinho de frustrado? Sempre gostei mais de magneto e seu jeitão forte, ousado e realista. Não que eu tenha sido uma criança má ou coisa desse tipo, mas sempre vi nos vilões da Marvel e das outras editoras de quadrinhos a representação da inteligência. Tinham um objetivo, muito embora fosse sempre o clichê de sempre. Dominar ou destruir o mundo. E os heróis? Bem com exceção do já citado batmam, o restante tinha algo de palhaçada, roupinhas bem desenhadas, bem transadas, com um pouco de tendências das principais revistas de moda. Há outro herói que sempre me fascinou, não por seus poderes, mas pela falta deles, chapolin, esse sim, o herói atrevido, fraco, teimoso, metido, covarde, engraçado, tudo que a indústria norte americana não quis criar, nosso Roberto Gómez Bolaños criou, com a inteligência e a sagacidade de um bom escritor e dramaturgo. Heróis estão a venda em todas as partes, em todos os lugares, mas cá pra nós, porque sempre nos filmes norte americanos nós que damos um jeito de acabar com o mundo e ele são a solução? E ainda existem pessoas que vestem alguma roupinha de mulher maravilha ou capitão América. Meus herois da infância não passavam de imbecis criados por algum maluco patriota norte americano, meus heróis da infância eram cegos e manipuladores. Por isso que hoje mais do que nunca dificilmente paro para ver algum desenho, mas quando sento na sala pode ter certeza, é pelos vilões que torço, pois de alguma forma os americanos darão um jeitinho patriótico de vencer, de implantar a “paz”, jogando bombas em Hiroshima ou Nagasaki, e depois eles serão condecorados pela historia como os “heróis” por isso vos digo, meus heróis eram ignorantes eu não.

Redes sociais...

Nesses dias de redes sociais, de
contatos virtuais, de pessoas cibernéticas. Eu passei então a me ver do outro
lado das teclas, do outro lado do monitor. O que as pessoas sentem? Será que
são felizes? Será que vivem numa redoma?
É uma nova era, pessoas estão mais
próximas e mais distantes, e não estou aqui para criticar modernidades, seria
piegas demais. Mas qual a distancia entre o virtual e o real? Tudo é uma soma
imperfeita de pixels e imagem desbotada.
Eu antes admirava a beleza das
menininhas, olhava elas em varias posições, desejava, pensava nas infinitas
possibilidades de conquistas, tinha vergonha. Hoje vejo fotos, que devem ter um
pouco de efeito, flash e outras edições fotográficas. Até eu já entrei no
clima, sou mais galante, me sinto mais fotogênico. Antes tirávamos fotos
pensando nos álbuns de família, hoje pensamos no Orkut, no facebook.
É um caminho natural, é a evolução
diria Darwin, as redes sociais transformam pessoas introspectivas em pessoas
conquistadoras, pessoas sozinhas em pessoas cheias de bons amigos. Mas será isso
sadio? Será que não falta mais matéria? Mais realidade?
Enfim, não estou aqui para causar
polemicas desnecessárias, eu também sou usuários dessas contas de perfis
similares, de palavras cruzadas e mil amigos desconhecidos. É o preço que pagamos,
se as redes ajudam? Bom, têm me ajudado a não ficar tão só. Mas será que eu
estou realmente bem acompanhado?

segunda-feira, 7 de março de 2011

numa taverna...

Num bar, cheio de uma pretensão alcoólica, e uma dor que subjaz os seus conceitos. Sozinho, arrependido, voltasse para uma mesa que está vazia e quebra uma garrafa no chão. Seu sangue ferve, multiplicam-se suas dores, seus horrores.
Ele tem amigos e inimigos e tudo se soma naquela encruzilhada de desafetos. Nem de longe parece o mesmo, levanta a cabeça e volta a cair, que melancolia! Que coisa terrível, deplorável, onde está aquele homem? Talvez dentro daquela garrava de 1000 ml de vodka, ou meias garrava de cachaça ou ainda naquela taça quente de vinho barato.
É um castigo, para quem pouco arrisca e vive na sombra dos desejos reprimidos, naquela alcova vazia, sem prazeres, sem ninguém para espantar seus prantos. Um lenço, por favor! Alguém me tire desse inferno. Mas não há ninguém, apenas as garrafas quebradas estilhaçadas no meio do salão.
Ele não tem forças para se erguer, seus braços estão tensos, suas pernas não respondem aos comandos. Não há estímulos, mas ele levanta, mas é jogado no chão e corta a cabeça num pedaço de vidro. O sangue se espalha pelos seus olhos rapidamente, o sangue viaja até a sua boca, as pessoas que ainda estão ali começam a rir, um então diz coitado! Deve ter levado um par de chifres! Sorrisos se espalham, ele começa a chorar, agora uma mistura pouco saborosa de lagrimas e sangue invade seu paladar.
Ele diz uma única frase-- quem de vocês está aqui por prazer? Ou por poesia? Quem de vocês não já passou por situações vexatórias? Veem esse sangue que escorre no meu rosto? Agora ele desce, e há muito tempo eu precisava saber de que ele era feito, qual o sabor, para me envergonhar dos minhas mentiras, dos meus desejos. Sou e fui cruel comigo mesmo, mas não importa, amanha o sangue irá cessar, minha boca irá parar de esbravejar, meu silencio será o absurdo maior, mas a desgraça é sempre bem vinda. E foi bom ouvi-los, pois me da mais certeza que não passamos de meros animais pensantes.

MULHERES...

Mulheres, são o ventre que se abre para os bebes futuros homens, o primeiro quarto e a primeira moradia. Não se paga aluguel e crescem os homens, mais fortes e escandalizados com tudo e fortes ou fracos é delas que precisamos, em dias bons ou ruins. Mulheres pisadas, fustigadas, é nelas que estão nossos amores, é tradição, a mulher frágil ainda existe, mas graças a Deus com o tempero da modernidade, com a força da compaixão e organização. O colo carinhoso, o corpo cheiroso e suas bocas seus belos penteados. Mulheres, negras, brancas, pardas mulatas é delas que gostamos mais. E queremo-las para nós, mas que bom que a perspectiva de mulher de Atenas está acabando, mulher agora é mais de si, é mais pra si, e nós homens o que fazemos? Nada, devemos agradecer a Deus pelo pedaço da costela que nós foi tirado, e ai de nós se não fossem as mulheres. Mulheres fortes, mulheres são tudo que queremos ter, mas elas agora são mais delas, são mães e amantes , chefes, patroas, lideres, referencias. O que seria de nós homens se não fosse o perfume de uma bela mulher? Se não fosse a inteligência marcante do sexo feminino? Se não fossem as donzelas ? o homem é duro, a mulher é forte. O homem é arrogante e a mulher sabia. Nós somos ou nos achamos onipotentes, mas aprendemos que na relação quem manda é a mulher, e ainda comentamos em rodas de bebidas, com uma porrada de bêbados alucinados que somos os reis do lar. É pra rir ou chorar? Hoje é o dia internacional da mulher, mas vou usar o clichê pra dizer que esse dia não deve ter marca, já que para mim todo dia tem a essência feminina, em casa em nas praças, ai de nós se não fossem as mulheres!

logo eu?

Ultimamente algumas pessoas param para pedir conselhos, como se eu fosse uma espécime de guru espiritual. Bem, pouco importa, eu realmente não sei o que dizer, logo eu, que vivo dentro das minhas cascas cheio de confusão e de abismos contraditórios. Gostaria de ajudar, pessoa por pessoa, quiçá pudesse, mas não posso, nem devo. Eu estou caminhando pra o lado de lá das coisas e se por um acaso me encontrar eu jogo a corda para alguém. Enquanto isso vou tentando ser cortês, ser civilizado. O único remédio para os perdidos é um mapa, já dizia alguém, e a solução para tudo é o obvio, então não tentem achar pedras para pôr em seus caminhos, tentem retira-las, por certo irei ouvi-los, e isso é o que posso fazer. Fora isso a força e a fraqueza, a solução e o problema continuarão e vocês mesmos. Apesar dos pesares, boa sorte a todos em especial a mim mesmo.

solidão?

Sinto-me só, às vezes fico trocando um bucado de palavras e jogando-as para o meu lado. Não precisa ter piedade ou qualquer coisa que deixe transparecer que estão insatisfeitos também, minhas dores eu aprendi a conte-las e deixar o tempo fluir. Se às vezes olho o passado? Claro, e enxergo nele um punhado de contos. Eu fiquei só e fico só às vezes por opção e não que alguém ou algo me force a ser assim. Eu gosto do silencio, de imaginar pessoas me abraçando, de imaginar como seria, como pode ser. Eu aprendi a ter medo, e o medo me fez ser mais isso tudo. As pessoas são boas, acredito na maldade como um pedaço que pode e deve ser reprimido, então por que cargas d’gua fico só? Talvez pelo simples fato de que na solidão a gente senti mais o que somos, aprendemos a pensar e nos analisar. Eu vou assim, ficando só com meus pensamentos e meu coração que teima muitas vezes, e aprendendo comigo para ser mais eu quando estiver com as pessoas amadas.

igualdade...

Dizem que é clichê fazer o que eu faço, dizem que é loucura, ou bobagem pensar em liberdade e igualdade. Mas nunca me perguntaram nada, só dizem, com as bocas cheias de demagogia, que a paz é um mito, que é utópico demais. Mas eu lhes digo que não estou nem ai para as minhas próprias bobagens. O mundo não foi feito para o mercado, para a barganha, para a troca, nós que trocamos os conceitos naturais, nós que invertemos valores e dilaceramos esperanças. Não nasci para viver calado, não nasci para viver ajoelhado vendo o mundo pegar fogo, por que uma classe favorecida e ricamente favorecida diz que é tudo natural, e que seria utópico demais pensar em igualdade. Mas dizem isso enquanto tomam banho em suas luxuosas banheiras, enquanto percorrem as ruas em seus carros caríssimos. E nós vamos ficar sentados? Esperando? E pensando que tudo que falam faz sentido, e sendo levados a crer que nossas esperanças não passam de besteira? Ninguém nunca me perguntou nada, só criticam meus sonhos, só falam em santos, mas sinceramente , não sabem rezar. Não pedem por nós, não somos iguais? E qual a diferença? Quem de nós irá viver para a eternidade? Caótico certo? Esse tipo de pensamento. Mas não importa, se é pra viver de esperança, se é pra lutar eu luto, não me conformo com a inercia da humanidade que as vezes senti prazer em viver as custas da manipulação. Acredito na paz, acredito na igualdade, acredito no amor. Se vocês me acham louco, desculpe por ser tão teimoso e por não dar ouvidos as soluções robóticas do nosso mundo.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Eu fiquei sóbrio por mais um dia, mastigando minha solidão com os dentes afiados. O mundo lá fora pegando fogo, e eu aqui recitando mil versos dentro do meu quarto. Eu e minha rotina, eu e meus estranhos aspectos. Numa caverna, bem decorada de quadros e estantes, livros e aparelhos eletrônicos. O mundo sorrindo, e eu regurgitando meus arrepios introspectivos. Num labirinto de sábios e alcoólatras, de bêbados e loucos, todos dentro das paredes, com um ar de vou embora. Nas fantasias, nos barcos que descem as ladeiras dos meus ideais. Eu só, mais um dia, querendo uma pulsação neurótica. Amanhã será mais um dia, e meu quarto mesmo com o nascer do sol será o mesmo.

quarta-feira, 2 de março de 2011

tentando explicar o obvio...

O coração simplesmente é o motor do sentimento que se fez guardar, e infelizmente ele não é determinante, nem determinável, ele simplesmente acelera, busca um ponto para não bater mais. Já ouvi vários comentários, sempre as mesmas tolices, e cada uma com um préstimo de saber mais, e não saber nada. Meu coração bate, e bate como que querendo se emancipar, querendo fugir. E se eu amei, devo ter sido amado, devo ter sido traído por mim e pelas vaidades que percorrem a vida. Eu nunca pedi pra pensar em alguém, eu simplesmente penso, e com uma pretensão que dá medo. Penso ser louco, penso que a reação de gostar faz parte dos dias enluarados, das jaulas em conserva, dos abismos e dos ritos. Eu amo, em segredo e abertamente, tenho publicado meus sentimentos, tenho feito nascer novas estimas. Mas infelizmente eu sempre caiu no mesmo erro, e minha mente ou o coração que mente me atrapalha e me faz pensar no eterno. Mas por que cargas d’gua amamos? Ou sentimos prazeres numa coisa que causa dor, e às vezes arrependimento? Bem, eu nem sei, nem quero explicar, não é óbvio, falar de amor não algo tão freudiano, ou quixotesco, ou filosófico, os alienados também amam e sofrem, igualzinho aos cultos e eruditos. Se meu coração bate, quando olho a pessoa amada, ou simplesmente ouço seu nome é porque minha vida indica uma direção. E que não venham os psicólogos de meia pataca, com seus discursos frustrados, com explicações matemáticas tentar deturpar milênios de amores a tragédias. Faz parte do cotidiano amar, ser amado, traído, sofrer dores intragáveis, viajar dentro de si mesmo. A final de conta o que seria de nós meros mortais se não fosse a representação, a imitação do divino? Bem, já somos pequenos demais para não tentar ser felizes. Se eu erro por amar, por amar o impossível, ser platônico muitas vezes é porque tenho a necessidade de perceber que eu sou de verdade pra sonhar, perder, ganhar, me arrepender e acordar. Se fosse robô, viveria num mundo abstrato, buscando um punhado de energia artificial e um pouco de abraços mecanizados a fim de fabricar desejos, como bem lembro do filme AI a inteligência artificial. Mas por sermos humanos, mortais, as decepções servem de ponto de referencia pra viver, e pra lembrar, a fim de morrer e ser lembrado.