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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

cana...

É na cana que o corpo grita...
É da cana que sobrevivemos.
Empurrados pelo caldo, pela poeira, pelo pó das queimadas.
Corre menino!
Corre que lá vem o guarda da usina!

Enquanto rouba cana, e suga o sangue de suas vísceras.
É a cana que engole, que atropela, que envenena, que desertifica..
A terra, o povo.
Jovens matutam, descem serra, sobem serra...

É a cana e a cara de quem ficou incrustado de pele, de sumo
Do açúcar, do corte, das raízes.

Corre pelos latifúndios, morre de fome...
Morte única, morte comum, morte que deixa homem “terra”.
É a cana e a zona que foi mata, e de mata só tem nome.
Zona verde, deserto seco, deserto vegetal.

São homens, indústria, e depois de mastigados serão vomitados.

Um comentário:

  1. Há tempos não leio algo tão forte, tão ligado ao ser humano como objeto para grandes indústrias que apenas subtraem toda força de trabalho humilde em benefício próprio, sem se dar conta de que o ser humano tem necessidades físicas e psicológicas e que o ambiente necessita nesse momento mais de nós... Parabéns por cada palavra, pela construção belíssima que se tornou a junção de cada uma delas...

    Eu não sei dizer se isso é um poema ou crônica, mas o conjunto geral, mostra algo grandioso.

    Saudações caro escritor.

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