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domingo, 30 de outubro de 2011

por trás da íris de teus olhos...

Nas asas e boas asas do tempo,
Continuo olhando o cais por trás de teus olhos.
O vinho do porto, suave, delicado que se derrama em teu olhar
Negro, acentuado.

O toque aveludado de tua pele que pude tocar.
O manjar em teus lábios, a suplica a que venho falar.
Queixo-me de tua ausência, anseio teu paladar.

Renuncio cada verbo, em pecado de amar,
Em fustigar meus desejos.
Ensejar teus carinhos.

Morrer e não me contentar.
Quero sonhar, e em sonhos repartir tua presença
Quero a descrença que não pude olhar, que não pude vingar
Os desejos que ainda ardem e cortam a pele.

Em teus olhos.
Teu sinal marcante,
A seda em fios delicados,
Cabelo negro,
Negro olhar.

Quero-te amiga, quero-te amar
Quero enganar o já confuso labirinto
Que espanta um mar de buscar
O sorriso que te enche a boca
Que te enfeita a face. Quero disfarces, quero você
Quero-te menina e mulher, senhora de contos infinitos.
Quero dar-lhe gritos, de alegria, de fantasias, de devaneios.

O leite que te toca a derme,
Só o que quero é te ter.
Desculpe minha pretensão,
Mas de ilusão e quimeras também vive quem teima amar.

gotas...

As gotas de sangue são oportunistas.
E quem disse que seria diferente?
A dor ainda atrapalha a visão.
E o cálice ainda é agre doce.

No lábio fica a inveja,
Clamo para ir adiante.
Adianta?
Quem sabe os cortes e cicatrizes podem fechar.

Eu ainda posso...
Eu ainda quero
Eu suporto,

Mas essa é a questão...
As gotas já não sabem
Já não dizem.

E eu fico com um suor descendo pela testa.
Em poucos golpes lapidados no pé do estomago.
Um desdém, um deboche.

As marcas de um destino que só teima.
Só atrapalha, vinga-se, em uma mortalha chamada “saudade”
Morte, até quando morte?
Eu ainda busco o fio cortante de tua navalha,
Tuas entranhas, teu paladar pálido.
Um ar suicida,
Uma armadilha,
Vida para quê vida?
E eu ainda te quero,
Como a amante mais perfeita...

E tudo é resumido
Em teus assobios,
Tuas lembranças

Deixe-me
Não me faça fustigado.
Eu te quero,
Eu imploro,
Até mais ver.

sábado, 29 de outubro de 2011

espelho meu...

Dentro daquele espelho deve existir.
Um pedaço do mundo que ficou.
Dentro de mim deve haver, um pedaço de espelhos.

Devo sentir, devo ser, mas a minha mascara ainda é surreal.
Pobre dos que acreditam na farsa, pobre de mim que acreditei.
Em sonhos, em escolhas, em planos.

Tudo é definido pelo elo de sentimentos enraizados.
E pra mim, nada é desastre, nada é tragédia.
Tudo é certo, tudo é pontual, e eu ainda tento observar o outro lado do espelho.

O que me dizes amigo? Quem eu sou além dessa imagem que nem sei se é real?
As duvidas devem subtrair meus enigmas, meus encantos.
Mas esteja certo que eu estou lá, em algum lugar do meu espelho.

ainda...

Ainda sinto teus bons olhos, buscar o que ficou de mim.
No meio da vida, no meio do nada.
Ainda sinto abraços quando a noite me renega.
Quando as pessoas teimam não perceber minha presença.

Ainda choro, ainda canto, ainda declaro palavrões,
Ainda subverto meus encantos.
Ainda vivo, ainda espero, ainda quero o mar que se afastou de mim.

Ainda estrago teu jardim, para chamar tua atenção.
Eu vivo, eu morro, eu simplesmente eu e mais ninguém.
Ainda olho por trás dos ombros, teu sorriso, ainda te espero em avenidas,
Ainda sofro, ainda grito, ainda mastigo meu passado, ainda anseio meu futuro.

Adeus,
Que o ar mórbido ainda suplica pelas noites que não dormi.
Adeus, que ainda te espero com punhais, com flores, com um ar piegas,
Adeus, que o que resta do amor é pranto e a saudade que lateja nas madrugadas,
Nas manhãs ensolaradas e nas noites frias isoladas.

na veia...

Ainda vejo o céu azul, mesmo que a noite teime em mascarar seus encantos, vejo-o como sempre imaginei, como sempre busquei. Na vida tive medo de não estar, estive cego, cético e inoportunamente ridículo. Uma sensação de desprezo que ainda toca a minha derme, a agonia introspectiva, o suor frio e o medo de deixar de ser o que eu sempre ousei ser.
Esse deve ser o pecado original, o medo de estar mal, o desejo de viver por viver. Abrir os olhos e ver o mundo em segundos de pedir tudo de volta e você sem pressa dizer “obrigado” por ter me deixado descer mais um pouco na minha ousadia, em querer ser e temer ser quem você é, se drogar, triturar por minutos de devaneios a carne que suplica por uma explicação, na contra mão do inverno, na imitação de um inferno escravizar o corpo por goles desnecessários de “vida ou morte”.
Eu ainda vejo o céu brilhar, vejo encantos, vejo minuciosas luzes, vejo a ausência de cores quando a noite cai em assobios mal amados, eu não precisei de drogas e sua navalha, não precisei viver para crer que o mar de pecados eram simples traços que enfeitavam a calçada de meu bairro.
Eu precisei viver, só o que eu precisei foi ver e enxergar, para notar que o céu não deixou de ser azul quiçá o tempo para pôr ordem em meus sentimentos, pois olhar o que não queremos já é se acovardar sem pensar nas consequências.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Prazeres...

O medo de cair,
Não levantar e ficar parado...
O estrago dos ferimentos,
Hematomas, dor, cólicas.

A vida e a linha,
A linha da ingratidão.
O medo de não levantar mais,

Adoecer...
Perder...
Ter compaixão.

Ter medo de viver
Nascer sem ter vivido.
O simples fato de perder o equilíbrio.
E “cair”.

Sentar no meio fio.
Encher de versos a miséria.
Tentar parar, tentar fugir.

Reagir, mas como? Para onde?
Qual o destino que resta?
Para quem já não tem destino?

É morrer, nem saber o que foi a vida.
Espantoso.
Cruel.
O revés de ter querido.
Ter montado, ter cuspido.

Não faz sentido existir.
Não faz sentido ter que acordar
Para como maquina montar
O seu futuro, o seu destino, a crueldade.

Alimentar-se para sobreviver.
Enquanto morremos por não saber.
A cor e o sabor do alimento, do prazer.

É parar e corrigir, o medo que impregnou os anseios.
Que ceifou os instintos, que transformou num coração,
Rígido, frio, congelado.
Aquilo que no cerne é quente, humano.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

cana...

É na cana que o corpo grita...
É da cana que sobrevivemos.
Empurrados pelo caldo, pela poeira, pelo pó das queimadas.
Corre menino!
Corre que lá vem o guarda da usina!

Enquanto rouba cana, e suga o sangue de suas vísceras.
É a cana que engole, que atropela, que envenena, que desertifica..
A terra, o povo.
Jovens matutam, descem serra, sobem serra...

É a cana e a cara de quem ficou incrustado de pele, de sumo
Do açúcar, do corte, das raízes.

Corre pelos latifúndios, morre de fome...
Morte única, morte comum, morte que deixa homem “terra”.
É a cana e a zona que foi mata, e de mata só tem nome.
Zona verde, deserto seco, deserto vegetal.

São homens, indústria, e depois de mastigados serão vomitados.

domingo, 9 de outubro de 2011

madrugada.

É no silencio mórbido, que eu lembro...
Que a madrugada chegou e em nada mudou o dia.
Acordado tento dormir...
Em frente ao espelho reconheço a falta de postura...

A largura do quarto
O deserto que o engoliu, e um beijo seco da noite,
Invade meus poros.

A solidão, o brilho suave das estrelas,
Nas brechas das paredes, refletem o significado de tudo.
Tento não chorar, tento apalpar o vento úmido que toma conta de tudo.
Sem folego, sem medo, sem nada.

Apago a luz...
Até mais vê-los!

loucos...

O que é a loucura? Se não a síntese certeira da ausência da realidade? O que pensam os que não pensam, os que se deixam levar pelo espirito do irreal, da subversão do espaço? Eu trato de não tecer elementos, essa mística do fio da navalha, de andar cambaleando por entre os labirintos, pensar, raciocinar ou simplesmente deixar agir um terceiro elemento chamado ópio. É dessecar o nível de fatores que ainda sim se mostram maiores, menores que o vento, cabe numa caixinha de papel, ou numa casquinha de noz. O sentido é que a realidade é apenas um ponto, um ponto entre o ser e o existir, a loucura é desbotar ou enfeitar um mundo que já existe, ou simplesmente deixa-lo cinza, alveja-lo, ultraja-lo.

sábado, 8 de outubro de 2011

o passado desbotado...

Eu, andando e mastigando o tempo.
Na contra mão do pensamento,
Nas fileiras do bem estar.

Eu quis navegar,
Eu quis seguir o ritmo,
E fiquei sem falar,
Fiquei sem grito.

Eu que quimeras adormeci
Eu que vi instantes sublinhados
Eu me peguei acordado, vendo o mundo dar voltas.

Eu não tive culpa,
Eu não tive medo.
Receio talvez.
E uma ponta de compaixão.

Eu me peguei assistindo
Eu me peguei sobre o ópio,
O fim dos lagrimas,
Eu retoquei meu espanto.
Eu caí num pranto, e acordei.

Sem lacunas,
Sem brechas,
Sem coisa alguma,
Eu simplesmente sonhei.
E hoje vejo o inverso do futuro
Que se formou,
Num passado que já ficou,
Nos calendários, na lembrança.

Borrada talvez,
Manchada quem sabe.
Mas ainda está lá.
Gravado, marcado, absorvido pelo espirito saudosista.
Até que a morte os separe.

domingo, 2 de outubro de 2011

é assim!

Esse é meu ponto...
Voltar e reconduzir meus amores
O peito que ainda dores
Restam e ficaram por anos...

O fim foi o medo
E o começo da solidão...
Então espero um abraço
Daqueles braços que diziam
Que falavam
Que deixavam cordialidades.

Es aí o passado,
Em meus recados
Guardado em caixas
Em cartas, em fotos.

E tudo que eu queria
Um pedaço doce
Uma forma violenta de dizer
Alguma coisa subversiva, agressiva, intransigente.

Então a Deus, por Deus!
Volte que o passado não volta,
Nem deixa esquinas, nem brechas, nem coisa alguma.

O silencio prosperou, e você não viu
Nem se espantou.
E em vértices ignorou
O frio que me fez passar.
Então deixa o vento levar
O pedaço de ti
Que ainda resta em mim.