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sábado, 31 de dezembro de 2011

perfeição.

Às vezes pego-me matutando sobre a perfeição,
E ai de mim que não sou perfeito e busquei nela a resposta para infinitos desamores.
Às vezes quase que sem querer penso “no bom som dos elogios”, das piadas de bom moço,
E de repente volto ao estado de uma duvida que ainda paira nas vestes do meu ego.
Medo de machucar, de pular para o lado errado, um policiamento exagerado, e uma recriminação quase fascista. Um gélido sentimento de arrependimento, uma farsa “perfeccionista” enrustida de desgosto e estranheza. Um sentimento de velório, um detalhe que faz falta e outro que me pune com um jeito indiscreto que vibra dentro de minha mente.
Então para que perfeição? Se não para enfeitar o orgulho alheio a meu respeito.

Toda depressão.

Toda depressão é cortante,
Veneno e seus rituais de matar.
Drogas e asilos.

Todo tédio que já não crê em mim,
Toda faca que já não corta.
Toda dor e todo sangue,
O mesmo eu das antigas.

Toda depressão é regressiva,
Mal estar,
Equilíbrio submergido.

Um trago de vinho,
Um engolir de dores,
Um mar de flechas e pedradas.

Espelho e fios da navalha.
Vidros e decapitação,
Desorientados movem-se
Em direção à subversão dos amores tingidos,
Mal criados.

Aplausos e encenações,
Adeus cumplices,
Tudo que não tem nexo.
Objeto de tanta amargura é o silencio,
E uma paz que não existe mais.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Arrogância...

Ser humano,
E por que ser?
Necessário seria morrer...

E deixar de se reconhecer.
Entre tudo que ainda fica no rosto,
Poeira e outros atritos.

Ser e morrer sendo um nada,
Além de atitudes manipuladas,
Além de ricos e pobres,
Todos a mesma imagem da putrefação.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Para quem tem fome...

A um mundo empoeirado,
Que já quer a morte desde a vida,
Que nos deixa sem muitas escolhas
E que no fim nos mata e nos engole.

E a terra suga o que sobrou de nossa carne
Sobre inferno e o castigo do verão.

Morremos de fome, desnutridos...
Amarelos, pálidos e sem caixões.
Em covas rasas, sete palmos no máximo.
Somos plantados pra virar adubo.

Enquanto há vida o sangue estremece,
Nas veias mal irrigadas por nutrientes.
Um pão pela manhã e outro à tarde.
Pão seco, quase sem trigo, quase mofado.

A cena das casas de barro, do chão batido com pés laxados,
Parede preta, fogão de lenha improvisado.

Água de cacimba, resto de lata para as necessidades,
Pedaços de gravetos, um feijão azedado.

Um trisco de algo pra comer, levantar para viver,
e depois morrer com a morte de sempre, oh tédio!

Uma brasa que não tem fim,
O choro de fome do filho magrelo,
O mesmo olhar de tristeza que enrijece o olhar “feminino”
A ausência de um eu.

Não me reconheço! Talvez exclame alguém,
Essa vida atrevida que teima em tirar do rosto
Até a lagrima que humedece a dor.

A lata que vai na cabeça, descalça, moleques andando,
Com as mesmas barrigas grandes, pernas finas, e retalhos de pano,
Revestindo o corpo.

Aguas e coliformes fecais,
Caramujos, fezes de cavalos em açudes.

O mesmo cheiro de fumaça,
O mesmo barulho da barriga fazia.
O mesmo mingau azul com cinco porções a mais de água que leite.

O mesmo gosto amargo, sem compaixão.
A mesma miséria que nos deixa acordados,
A mesma pobreza que dizem ser natural.

A mesma morte,
E morremos duas vezes, em vida, e na morte.
Mas essa deve ser o alivio para um inferno,
Será que ainda devo passar por outro?
O fato é que, a terra não terá muito o que comer,
Pois carne me sobra pouca.

De uma vida desnutrida, devo ter nascido fadado para a miséria,
Pois já ouvi de passagem alguém comentar, que no mundo só cabe “lugar”
Para quem já nasceu em berço de ouro.
Meu senhor me desculpe, ter tomados de vós tanto pão mofado,
Tanta esmola, tanta fruta podre dada com cara feia eu devo ser muito atrevido!

Agora se me dão licença eu vou deitar na minha cova rasa,
Que é pra não perturbar mais os doutores com meus pedidos impertinentes!