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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Lucia Aparecida Correia Vieira "Paraíba masculina"

Essa homenagem pode parecer parcial, bem, e é, pois não falo apenas de uma cidadã honrada, mas de uma mãe dedicada, então é bem mais fácil expressar.
Pouco sei sobre a historia de minha mãe, mas o que sei é suficiente para ama-la e admira-la. Filha mais nova de 11 irmãos, viu ainda muito pequena sua mãe morrer vitima de complicações cardíacas, não é necessário dizer que para alguém de apenas 4 anos a vida que já se mostrava dura se tornaria ainda mais com a ausência do abraço materno.
Ainda pequena ajudou sua madrasta a cuidar de seus meio irmãos, humilde, filha do agreste paraibano teve que enfrentar condições inóspitas para sobreviver, trabalhou durante toda a infância, se é que se pode chamar de infância quando não existe “diversão” ou um mínimo de lazer.
Algumas pessoas podem criticar esse texto, mas não descrevo a vida de minha mãe para agradar ou para emocionar ninguém, mas porque como filho sentia essa vontade, essa ânsia de registrar e compartilhar uma historia tão peculiar e tão intima com as várias historias do povo humilde de nosso país.
Com 10 anos saiu da casa de seu pai para viver com sua irmã em Santa Rita- PB. Até que enfim depois de andanças sofridas veio parar em CAMUTANGA-PE para viver na casa de seu irmão que era prefeito Lucio Correia.
Dentre vários fatos lembro-me da alegria estampada em seu rosto, a motivação de viver, a fé em Deus. A vontade de superar sua condição, o sonho de poder fazer algo pela comunidade, isso eu digo por que sou testemunha ocular. Adentrou na politica através de seu irmão Lucio correia, e com ele trabalhou durante vários anos em busca de melhorar a condição de uma comunidade tão carente, tão sofrida, tão preterida.
Trabalhou como professora, como diretora da unidade mista de saúde, tendo ganhado um titulo de mulher destaque em 2004 pelo seu trabalho prestado a população, lembrando que esse titulo não foi dado por executivo ou legislativo ou centros corporativistas, mas foi uma enquete realizada pela prefeitura de Camutanga e o povo a escolheu.
No mesmo ano foi eleita vereadora e começou a desempenhar um papel árduo no legislativo, tendo inclusive que enfrentar decisões machistas e arbitrarias de algumas pessoas que a discriminavam por suas convicções religiosas, por sua classe, por ser mulher.
Em 2008 é eleita pela segunda vez vereadora, mas as lutas na vida não são limitadas, mas são cíclicas, e sabendo disso não se abala, é taxada de traidora, “vendida”, por decisões de cunho ideológico, onde seu único objetivo era manter uma coisa que sempre nos passou “honra”.
Foi jogada contra a população, criticada, injuriada, passando pressões constantes na Câmara municipal, sendo ridicularizada por alguns colegas do legislativo, sendo ameaçada. Mas toda moeda tem seu outro lado, o povo, esse é a motivação, esse é o objetivo, tem tido apoio de pessoas que a acolheram, lhe dão palavras de apoio. E mesmo com os constantes ataques premeditados na câmara municipal, mostra seu lado “paraíba masculina”, braço forte, com humildade e muita fé em um Deus que não se cansa em exaltar e clamar.
Tenho certeza, certeza de filho que a luta de 38 anos em nossa cidade irá continuar, a luta de brasileira, luta de pessoas humildes, pessoas que aprendem com a dificuldades, os pratos de farinha a enfrentar de cabeça erguida. Certa de que não precisa de posses, ou de nome, certa de que não precisa de “pessoas chiques e soberbas”, certa de que não precisa de pessoas preconceituosas, mas que precisa de Deus, da família e de pessoas humildes que se mostram dispostas a dividir o pão que tem para ver sorrisos sinceros.
É por tudo isso que admiro e tenho como referencia “Lucia Aparecida Correia Vieira”.

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