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segunda-feira, 27 de junho de 2011

um único beijo...

Bocas que pedem um beijo.
Um único, nada mais que um momento.
Um alento um lugar pra estar.

Entre lábios, nem saberei amar.
Um único traço, um toque, só isso.
Como uma faca, dois gumes.
Duas extremidades.

Um beijo e dois lábios, quatro partes.
Inferiores e superiores.
E uma língua pra fazer contraste, sentir, degustar.

Um suave toque da saliva, um amor momentâneo,
Nômade, preenchido por bocas sedentas, violentas,
Altruístas, vigaristas, românticas.

É só um momento que divide,
Que torna único.
Que confunde corpos, que realiza sonhos.
A espera de quem ama, e o suspiro de quem é amado.

Um beijo para fechar a noite.
Um olhar pra te ter ao lado.
Tua boca, só isso me deixa acordado.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

As dores, o peito e amores...
O poeta não mente, exagera talvez...
Finge ser pra ter certeza.

O poeta busca dentro de si as dores
A solidão e o silencio...
Esquece-se de suas fantasias.
Morre pra não ser selvagem.

Nos labirintos morde os lábios.
Perde o senso de estar só...
Alegrias e ilusão
Na contramão de seus desígnios.

O poeta tenta não ter sentimentos
Tenta não expor sua vida nas cartilhas.
Mas ainda sim sente-se compelido
Ao desespero...

Vive sem querer amar.
Afasta-se do mundo...
Mergulha no obscuro
Sangra, suspira e reage a cada novo desenho
Escultura vaidosa de sua pele já corrompida.
Pela magoa de ter partido da realidade.

O poeta é a imitação do invencível,
É a realidade borrada.
É o ser dentro de si mesmo
E só...

domingo, 19 de junho de 2011

Exilado, das feições do mundo...
Quero as estrelas, e ainda sim aos poucos...
Pra não ficar na vontade suprema de ir mais além.

Meus pés colocados no chão, e as mãos buscando meteoros,
Repartidos em utopias e charmes desnecessários.
A loucura e a vontade de ser bom.

Nesse espaço dou voltas, de cabeça pra fora,
De um avião imaginário.
Um navio naufragado...
Posto no fundo do mar.

Meu desejo, minha alegria, meu pecado de ser
Um pouco de tudo, e nada.
Meus olhos bem colocados, naves, barcos.

Se for pra morrer, eu viveria mais de tudo isso,
Sem sentimentos vãos, sem pouca reciprocidade,
Sem vaidades.
Ser louco é um conceito, ser normal é mentir pra si mesmo
Sobre sua limitação humana.
Teu egoísmo, e teu ego.
Teu romantismo piegas...
Tuas pernas...
Teu vestido liso
Ou estampado.

Pedes um bom escravo,
Ou um tapete pra pisar...
Um vinho roubado...
Sabor de vinagre, teu senso de ser cumplice.

Meu perdão, pagão, minha força nula.
Meus pés queimados.
Teu sorriso molhado
Pela neblina de tuas meias verdades.

Teu sultão ou teu palhaço.
Meus espelhos quebrados, vidros nos dedos.
No pulso.
Tu que és mais madame de mim,
Sentiu a flor cair até a ultima pétala,
Sobraram teus espinhos

E agora? Pedido de um ladrão
Eu não quero mais tua face nas cortinas do meu quarto
Passado é passado...
ADEUS...

sábado, 18 de junho de 2011

Criança

Fui criança um dia...
Vi os pássaros cantando nos meus dedos
Cheio de tinta na palma de minha mão.

Fiz de um arranhão a marca definitiva da dor
Debruçada em lagrimas soltas, rolando até o canto da boca.
A mão calma da mãe que chegava pra consolar meu pranto, com
Cheiro de jasmim.

Viajei até o alto dos meus sonhos
Na beirada de minha cama..
Tropecei e ergui a mão dos meus heróis.

Traduzi em gestos meus caprichos,
Minhas quimeras...
Abracei arvores...
Peguei a lua com as duas mãos
E fui brincar de ser grande...
Gigante.

Minhas namoradinhas com cheiro de shampoo,
Eu a rasgar notas, cartinhas de amor...
Descolorindo os risos, e abrindo gargalhadas
No vai e vem do balanço.

Fui criança, e fui feliz,
E tudo passa, pena não ter mais
O dom da interpretação infantil
Pra fazer da vida uma avenida larga
Pra brincar.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Quero um pé de arvore pra subir...
Uma cascata pra banhar...
Meus pés fustigados.

Quero uma capa de chuva.
Um sol de verão
Nascido logo cedo
Pra tirar meu frio.

Quero um lábio carnudo
Pra desenhar em contornos.
Em beijos sem ponto final.

Lembrar-se da lua de julho,
Lembrar-se dos sorrisos.
Quero estigmas.

Quero lembrar...
Quero tecer mil lugares
Pra correr em direção ao vento.

Quero uma agua morna,
Um dia a mais nos anais e calendários.
Nos dias borrados pelo cheiro de jasmim.

Ai de mim.
Aqui parado
Encostado no meu desejo
De voltar
De ser,
Mas vou em frente.

E o futuro?
A Deus pertence.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Quem nunca teve um passado? Passei
muitas vezes pelas lacunas deixadas por ele, e pode ter certeza, me arrependi.
O jeito furta cor da loucura, a maldição do desarranjo, das tomadas de decisão
que agora parecem bizarras, erradas, mas voltar ao passado é um simples estado
de nitidez alterado, desorganizado. Eu tive uma chance, e algumas outras em
alguns poucos dias, contados a dedos e de forma pouco metafórica caí num
espaço, me deixei levar em direção ao limbo. Essa ânsia de errar, de voltar e
encarar as coisas com menos medo, com mais cuidado, sem errar exacerbadamente. Mas é passado, fazer o que? Viver para ter
mais algum passado num futuro distante, amante de mim mesmo. Descer do risco de
nunca viver, é melhor viver do que morrer sem ter sentido.