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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Aquela pedra...

A pedra que subia...
Subia pra pensar, entre folhas
Eucaliptos, cheiro de mato e poeira nos olhos.

Subia apressado,
Subia e me cortava,
O suor na testa, pra chegar em cima.

E quando chegava,
Pensamentos conectados com o nada...
O absoluto nada...

Gritava, pulava, corria, mordia os lábios.
O cheiro de terra,
Cheiro de canavial,
Ladeira, e mais ladeira...
Lajedo...

Espinhos e pedrinhas...
Carne viva...
Mas tudo vale apena...

Em subir tudo já se refaz, cansaço, falta de folego
Tudo recuperado.

A pedra e minha infância,
A pedra e minha adolescência...
De cima vejo a usina,
De cima vejo resquícios de mata atlântica,
Açudes, folhagens ...

Outras cidades,
Outros distritos.
Outras pessoas.

Cacimbas,
E um eu retirante,
Um “eu lírico”.
Um eu que queria mais.

A pedra e meu refugio,
A pedra e meu lugar,
Nossas tardes, nossas rimas.
E nossos discursos
A brindar sempre com pontualidade
Os fins de tarde.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Saudade.

Queremos ter e não ter certeza,
Queremos sentir pra sentir nostalgia.
Queremos viver para parar o tempo
Quando de braços abertos abraçamos
Quem se faz ausente.

Saudade você sente,
E se vinga,
Deixa escancarado nos lábios
A ânsia de querer tocar
Quem está distante.

Saudade a gente quer sentir,
A gente só não quer manter.

Saudade é o vento que bate na porta,
É o sonho que te acorda,
Saudade vai e volta,
E quando volta dói bem mais.

Mas não desanima,
Que da mesma saudade que sentes,
Dela sentiremos mais alegrias quando ela passar.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Pedaço de cidade pequena.

A rua desce,
O povo se vê
A gente esquece-se de tudo,
Vida pacata, mundo pacato...

Entre tanta cana,
Entre tantas pedras,
resquícios de mata
E esquecimento do futuro,
Ai que tedio,

Mas ainda é simples viver
É mais tranquilo, quase não se vive
Só se dorme, ou dormimos acordados.

Cidade pequena,
Paixões e serenos,
Ave Maria! Que tudo é tão inerte,
O vento que bate na folha, bate sereno
Ventos elísios,

Cheiro de terra,
Cheiro de nada,
Ai meus Deus
Vou dormir novamente!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

...

Como será um tumulo?
Muito raso?
Muito frio?
Ou igual a vida?

Profundo e amargo?
Como será?
Ou como seria deitar?

Em vida esperamos contornos
E caímos nas ladeiras

Olhos profundos,
Oxigênio

E onde me caberá?

Sou hoje
Para não ser mais nada.

Para virar lembranças
Que vão se desfazendo
Com a morte das gerações.

A vida não é dura
Como diziam
Duro é o ato de viver.

Mas para onde morte?
Onde dantes vida?
Agora é dormir
Só isso.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

MORTE...

Me pergunto às vezes como morrer e não sentir dor, insanidade ou procura de razões metódicas para alcançar a vida eterna? O fato é que sobre superfícies inconstantes, e alguns goles d’agua a gente vai se permitindo certas intimidades com a morte e vamos abrindo a boca para o desespero que há por vir. Quem sabe, penso eu muitas vezes no silencio e no abandono cúmplice de meu quarto se eu já não tenha partido, mas olho para minha derme ainda jovem, sem rugas ou sinais e certo de que tudo vai mudando, e já não é o que seria um dia. Morte? Vida? Ou apenas passagem? Minha cabeça dói e não tece novos rumos, apenas labirintos, de bom moço capaz de superar marcas e que depois deitará o mesmo tumulo frio que todos, receio que a vida já seja morte em partes, ou pelo menos a visão intransigente de quem ignora certas realidades, que morrer é simplesmente fechar a cortina de um espetáculo inteiro.

Venenos.

Já não posso mentir,
Nem tão pouco chorar,
Me debruçar em lagrimas quiçá,
Para um mundo engolir e depois vomitar
O que de mim jaz podre.

Não quero amar,
E para que amar?
Para deixar as pessoas “cantando”
Para buscar aplausos.

Para morrer e ser lembrado.
Para viver de pecados e pecando dizer ser santo.

Já não sei por que, e os porquês me faltam.
Cortam a superfície de minha alma,
E em alguns adeus e medo de suicídio a gente aprende a esperar.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Rituais de finais...

A carne aberta, desperta cobranças.
E o medo que te leva para um telhado
Não é o mesmo medo que te faz acordar.

Pesadelo sobre contos do mar,
E amores que cobiçam um fim,
Desajeitado e cheio de dizeres,

A mortalha
As lagrimas que desobedecem,
Um frio na espinha,
Um receio de continuar acordado.

Tudo acabado...
Tudo pra depois...
E o depois não virá mais...

Então morte ...
Ô morte!
E vê que querer morrer,
Não é tentar suicídio,
Então habita em seus delírios,
Toma overdoses de “remédios”
De bebidas, de amargura, de receio.

Acordado vegeta, morre aos poucos.
Sem piedade mofa em seus pedidos fúnebres.
Tanta paixão pra nada.
Tanto querer para repousar numa sepultura,
Tantos porquês, tantas almas rudes, tantos castigos.
O fim leva a loucura, leva ao outro lado das profundezas,

Tragédias, e tudo que desfila em palcos da vida real.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Lucia Aparecida Correia Vieira "Paraíba masculina"

Essa homenagem pode parecer parcial, bem, e é, pois não falo apenas de uma cidadã honrada, mas de uma mãe dedicada, então é bem mais fácil expressar.
Pouco sei sobre a historia de minha mãe, mas o que sei é suficiente para ama-la e admira-la. Filha mais nova de 11 irmãos, viu ainda muito pequena sua mãe morrer vitima de complicações cardíacas, não é necessário dizer que para alguém de apenas 4 anos a vida que já se mostrava dura se tornaria ainda mais com a ausência do abraço materno.
Ainda pequena ajudou sua madrasta a cuidar de seus meio irmãos, humilde, filha do agreste paraibano teve que enfrentar condições inóspitas para sobreviver, trabalhou durante toda a infância, se é que se pode chamar de infância quando não existe “diversão” ou um mínimo de lazer.
Algumas pessoas podem criticar esse texto, mas não descrevo a vida de minha mãe para agradar ou para emocionar ninguém, mas porque como filho sentia essa vontade, essa ânsia de registrar e compartilhar uma historia tão peculiar e tão intima com as várias historias do povo humilde de nosso país.
Com 10 anos saiu da casa de seu pai para viver com sua irmã em Santa Rita- PB. Até que enfim depois de andanças sofridas veio parar em CAMUTANGA-PE para viver na casa de seu irmão que era prefeito Lucio Correia.
Dentre vários fatos lembro-me da alegria estampada em seu rosto, a motivação de viver, a fé em Deus. A vontade de superar sua condição, o sonho de poder fazer algo pela comunidade, isso eu digo por que sou testemunha ocular. Adentrou na politica através de seu irmão Lucio correia, e com ele trabalhou durante vários anos em busca de melhorar a condição de uma comunidade tão carente, tão sofrida, tão preterida.
Trabalhou como professora, como diretora da unidade mista de saúde, tendo ganhado um titulo de mulher destaque em 2004 pelo seu trabalho prestado a população, lembrando que esse titulo não foi dado por executivo ou legislativo ou centros corporativistas, mas foi uma enquete realizada pela prefeitura de Camutanga e o povo a escolheu.
No mesmo ano foi eleita vereadora e começou a desempenhar um papel árduo no legislativo, tendo inclusive que enfrentar decisões machistas e arbitrarias de algumas pessoas que a discriminavam por suas convicções religiosas, por sua classe, por ser mulher.
Em 2008 é eleita pela segunda vez vereadora, mas as lutas na vida não são limitadas, mas são cíclicas, e sabendo disso não se abala, é taxada de traidora, “vendida”, por decisões de cunho ideológico, onde seu único objetivo era manter uma coisa que sempre nos passou “honra”.
Foi jogada contra a população, criticada, injuriada, passando pressões constantes na Câmara municipal, sendo ridicularizada por alguns colegas do legislativo, sendo ameaçada. Mas toda moeda tem seu outro lado, o povo, esse é a motivação, esse é o objetivo, tem tido apoio de pessoas que a acolheram, lhe dão palavras de apoio. E mesmo com os constantes ataques premeditados na câmara municipal, mostra seu lado “paraíba masculina”, braço forte, com humildade e muita fé em um Deus que não se cansa em exaltar e clamar.
Tenho certeza, certeza de filho que a luta de 38 anos em nossa cidade irá continuar, a luta de brasileira, luta de pessoas humildes, pessoas que aprendem com a dificuldades, os pratos de farinha a enfrentar de cabeça erguida. Certa de que não precisa de posses, ou de nome, certa de que não precisa de “pessoas chiques e soberbas”, certa de que não precisa de pessoas preconceituosas, mas que precisa de Deus, da família e de pessoas humildes que se mostram dispostas a dividir o pão que tem para ver sorrisos sinceros.
É por tudo isso que admiro e tenho como referencia “Lucia Aparecida Correia Vieira”.